terça-feira, 17 de maio de 2011

CÓDIGO FLORESTAL - Mudar ou não mudar?


Complicado tomar posição em um debate técnico.

O senso comum pode afirmar, que desmatamento niguém quer, mas fome ou escassez de alimentos também não. 
O desenvolvimento sustentável é a saída. 
Contudo, grande parte de nossa produção agrícola é para exportação, o consumo interno do país é suprido pelos pequenos produtores rurais, estes mesmos produtores, que herdaram desmatadas ou desmataram suas áreas de preservação permanentes (APP) à décadas atrás e que agora se encontram, por força de lei, impedidos de contrair empréstimos para financiar suas atividades ou adquirir equipamentos e tecnologias que aumentariam a produtividade de sua terra - estão na ilegalidade - resta como opção continuar desmatando para aumentar sua produção ou se desfazer de sua propriedade e aumentar as estatísticas do êxodo rural.

Sobreviver é preciso.

Também não podemos simplesmente anistiar multas e crimes cometidos nos últimos 50 anos, assim como, desobrigar a recuperação das áreas "historicamente" degradadas, é absurdo.
O argumento de que as áreas disponíveis atualmente para a agricultura, são insuficientes e que vai haver escasses de alimentos é terrorismo e deveria ser tratado como tal. 
O país bate todos os anos, recorde na produção agrícola, é o agronegócio quem mantém positiva nossa balança comercial, como faltam terras? 
A tecnologia é a principal aliada da eficiência! Produzir mais com a mesma quantidade ou até mesmo com menos, é o segredo. Mas custa caro, quem vai pagar a conta?

O governo? Dúvido muito. Se continua assentando famílias da "reforma agrária" sem nenhum ou quase nenhum apoio técnico e financeiro, vai querer pagar a conta de anos de grilagem e ocupação irregular do solo, estes mesmos financiados por governos passados... agora aliados...

Os produtores? Os pequenos, não tem recursos. Os grandes, pagam minimamente os impostos, que são obrigatórios. Vão assumir toda a conta da reorganização do solo brasileiro, soa até engraçado.

Mas não é.

Após os episódios das enchentes e deslisamentos do Rio de Janeiro e Santa Catarina, a sociedade brasileira deveria ter mais respeito com a natureza.

Diminuir a proteção no entorno dos rios é preconizar desastres como os vistos, sofrimento e perdas irreparáveis, tudo fruto de uma especulação ilimitada da terra.

Não vai ser colocando o debate no campo da esquerda ou da direita do ruralismo ou do ambientalismo que chegaremos a um consenso que garanta qualidade de vida e desenvolvimento para as próximas gerações.
 
Concordo com o Dr. Xico Graziano: 

"Ruralistas movem-se, ambientalistas articulam. Tenha uma certeza: esse assunto do Código Florestal somente se resolve com a derrota dos fundamentalistas, de ambos os lados. A vitória da sensatez criaria a síntese de ambos: o agricultor ecológico".


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